quarta-feira, 16 de maio de 2007

Para Mariana

Quando me virei para pegar o jornal, meti as unhas na parede. De bico. Pressenti a dor. Fechei os olhos e esperei que viesse. Ela veio. Intensa. Fiquei com os olhos fechados durante alguns minutos. Imaginei os dedos da mão enormes, vermelhos, com o sangue fluindo para as pontas e coagulando, tornando-as, aos poucos, pretas, até arrebentarem. O líquido podre caindo e se espalhando pelo chão do quarto. A dor começou a passar. Abri os olhos e mirei minhas mãos. Estavam normais, nem sequer vermelhas. Pálidas, as unhas pequenas e arrebitadas como sempre. Bobagem, pensei. Onde já se viu sangue coagulado se espalhar pelo chão?