A porra da porta do carro encrencou de novo, tenho de
mandar consertar essa bosta. Vamos, vamos, destrave, tenho de sair. Essa rua
está horrível, meia hora desviando de buracos, chega na esquina com a avenida
para tudo. Anda. Ô, lerdeza. Agora que a coisa começa a se mover, fecha o
sinal. Anda. Dá para descer mais rápido, aleluia, vamos. Ô, ciclista filho da
puta! Como é que entra assim, na frente da gente? Atraso, atraso. Tenho de
chegar ao escritório rápido. Só resolver problema. Consegui um otário pra
comprar o apartamento, aquela vaca da proprietária resolveu aumentar o preço.
Caralho. Será que ela não vê que o bairro é podre, o apê é velho? Burra velha.
Cacete! Corno, como é que me fecha desse jeito? E essa lata velha aqui tentando
podar pela direita? Não deixo. Vamos ver, feladaputa. Tomou? Vou pegar a outra
rua, deve estar menos movimentada. Também, com tanto buraco. E essa merda de
conserto da pracinha, orra, essa gente não tem o que fazer? Trancam metade da via
pra arrumar uma porcaria de uma praça que não serve pra nada. Não vou chegar
nunca. Velho da porra! Sai da frente! O cara a 20 por hora. Merda. Não dá nem
pra desviar, o carro do outro lado também tá a vinte. Tinha de ser mulher.
Putz, o radar. 50 por hora, nesta rua? Quem é que põe essa velocidade? Não veem,
não veem? Viado! Me deu uma fechada! Filho da puta, ainda com adesivo de “na
mão de deus”. Na mão de deus o cacete! Corno, tirou uma fina! Juro, se eu
tivesse um revólver! E agora essa lei de parar em faixa. Cara, como tem
pedestre sem noção, bando de abusado. Anda, porra, anda. Não chego nunca.
- Bom dia, D. Judite, como vai?
- Na paz de deus, meu filho.
- Por favor, vamos entrar. Na paz de deus, senhora.
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