Do lado de fora da universidade, operários almoçam numa mesa de madeira, mesmo material do barracão onde dormem, penso. Um deles passa um pedaço de carne para o prato de outro. São só esses dois, por enquanto. Logo chega mais um, que entra no barracão depois de jogar fora uma bituca de cigarro. Outros vêm-se juntar à mesa, numa movimentação de marmitas, talheres, pratos, sorrisos, copos. Vejo-os pela janela da sala onde participo de um curso de literatura. Imagino que contem piadas, enquanto observo a troca de comida entre eles. Estou num dos prédios mais novos da universidade, construído para a faculdade de computação, a construção ainda não está terminada. Ao lado as obras continuam. Um dos participantes do curso faz uma pergunta importante sobre representação da realidade na literatura. Tenho de prestar atenção. Dou uma espiada rápida, os operários estão às gargalhadas, a piada deve ser boa. Não dá para ouvi-los, o ar-condicionado está ligado, as janelas, fechadas.
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