Sábado, 2 de fevereiro de 2008
Não fui à Redinha na sexta, uma pena. Hoje, Moraes Moreira em Ponta Negra, lá fui eu. Não muita gente, a maioria de fora. O povo da cidade migra para as praias próximas ou para o interior. Dizem que, por lá, o carnaval ferve. Conheci Marcelo. O espetáculo estava bom, nada pululante como nos de bandas de "axé" (seja lá o que isso for), tudo mais tranqüilo, musiquinhas. Algumas do meu tempo, outras desconhecidas, não acompanho a carreira do compositor. Divertido. Ao fim, o local quase vazio, alguns paulistas, com instrumentos musicais, danaram a cantar MPB. Cantei, também, sou cantora, vocês sabem. Só me falta aprender a cantar. Marcelo me levou para casa. Sem mais novidades.
Domingo, 3 de fevereiro de 2008
Marcelo apareceu em casa. Levou ingredientes, fez comida, lavou louça. Passou o dia todo por lá. Não pude fazer mais nada que não fosse companhia a ele.
Segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Marcelo não sai da minha casa. Não vi mais nada do carnaval.
Terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Último dia de carnaval. Sei que prometi um diário, mas houve imprevistos. O primeiro e maior deles, Marcelo. Mas na terça resolvi ver o carnaval, ou seja, o que ainda restava da festa. Combinei, então, com Carlos, um de meus inúmeros pretendentes, de ir à Ponta Negra. Minha intenção era curtir a praia e, à noite, ver algumas bandas que se apresentariam por lá, em algum lugar chamado Praça de Ponta Negra.
Inventei uma desculpa para Marcelo e fugi, na hora do almoço, para me encontrar com Carlos. Cinqüentão, nome de papai. Édipão, hein?. Vamos lá, vai ser divertido. Encontrei-me com ele já na avenida principal, Roberto Freire. Descemos à praia e ficamos na areia, pegando um bronze. Carlos é o que se pode chamar de um porre, no mau sentido. Bebe uma cervejinha, mas não fala nada, não gosta de nada, implica com tudo, um velho ranzinza, como eu, mentalmente, passei a chamá-lo. Poucos anos a mais do que eu, mas não consegui evitar a denominação.
Pensei com os botões do meu biquíni que iria almoçar e dar um jeito de me escafeder dali para curtir o carnaval. Pois estava eu, nessa linda tarde ensolarada, pensando na melhor maneira de escapulir ao chato, quando, adentrando o mar, uma onda maldosa me derrubou sobre umas pedras. Não há pedras em Ponta Negra, nunca vi pedras em Ponta Negra. Não sei de onde apareceram aquelas.
Minhas coxinhas (adoro eufemismo) ficaram raladas e (céus me ajudem!) sangraram. Tentei evitar um daqueles escândalos que faço quando vejo esse líquido viscoso e encarnado que temos a correr pelo corpo. Não desmaiei, pelo menos. Mas fiquei traumatizada. E ainda tive de ouvir de Carlos algumas pérolas como "uma mulher tão grande..." Tenho culpa se ele é baixinho? Mulheres grandes não podem desmaiar? Resolvemos sair da praia e almoçar.
O almoço foi um saco: coxinhas doloridas e o ranzinza reclamando de tudo. A comida, pelo menos, estava boa. Ao fim, desanimada, com perninhas doendo, resolvi ir-me embora. E não é que Carlos, quase buscando um banquinho no qual subir, tentou me beijar? Ora, faça-me o favor. Voltei para casa mais cedo do que previra e sem carnaval. Quando lá cheguei, Marcelo ligou. Não quis ficar para o show em Ponta Negra? Contei-lhe o ocorrido, omitindo a participação do chato. Posso ir até aí? Pode, Marcelo
Quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Cinzas. Perdido o carnaval, eu já conformada, preparando-me para ir à repartição, que funcionaria à tarde. Logo cedo, aparece Marcelo, perguntando se queria ir à Redinha ver as últimas manifestações carnavalescas. Expulsei-o. À tarde, trabalhei.
E a vida voltou ao normal.
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Para o dicionário. Cafife é um bichinho, muito miúdo, que sobe pelo corpo das pessoas aos magotes (não sei o coletivo desse bicho), causando coceira, aflição e angústia no(a) pobre atacado(a) pela sanha invasiva dos animaizinhos. Daí, encafifado. Não fiquei muito convencida, porque, na minha terra, encafifado é intrigado, pensativo, preocupado. Não imaginei nenhum "encafifado" aflito, coçando-se todo. Mas o Luft dá encafifar como vexar(se), constranger(se), aborrecer(se). Então, ficar se coçando é uma coisa que avexa o cabra.